A vida, o sopro, os sonhos

27 de julho de 2021 0 Por curacionemocional

Só essa semana recebi a notícia de dois conhecidos que passaram mal do nada e foram parar no hospital. Os dois idosos. Um estava com Covid, teve uma complicação e passou por cirurgia de emergência. A outra sentiu uma dor na nunca e quando chegou no hospital estava com insuficiência renal e cardíaca. Problemas que apareceram do nada, ou se manifestaram de maneira silenciosa.

Ninguém viu, sentiu ou reparou. Foi uma emergência. Aconteceu de um dia pro outro pra lembrar a gente que a vida muda de um dia pro outro. Pra melhor e pra pior. Não adianta se preparar antes ou entrar na energia do medo e ser consumido pelas preocupações. A vida não manda recado. Ou manda e a gente nem vê. É tanta correria, tanta pressa, a gente não capta a mensagem. Eu só sei que a vida é um sopro. Eu disse isso a uma amiga esses dias pedindo desculpas pelo clichê. Ela me respondeu: “mas a vida é clichê puro”. E essa é a verdade.

Somos clichês, a vida é clichê. Cada vez mais me convenço disso. Cada vez mais fico assustada com o quanto a vida prega peças na gente o tempo todo. O quanto ela quer ensinar. O quanto ela nos empurra pra cima ou pra baixo. O quanto ela surpreende, o quanto ela é uma caixinha de surpresas. O que podemos esperar? O que nos espera? A nossa história já foi escrita? Ainda dá tempo de mudar algum capítulo? Ainda dá pra se sentir realizado, pleno, otimista, confiante, positivo? Ainda dá pra sonhar?

Vocês ainda sonham? Os meus sonhos se perderam pelo caminho. Não sei quando, mas se perderam. Eu nem ouso sonhar, porque eu sei que o tombo vem. E eu não sei lidar com frustração. Não aprendi. Vocês aprenderam? Alguém ensinou pra vocês a persistir e não desistir jamais? Porque eu fui perdendo essa capacidade com o tempo.

Não estou me vitimizando, nem quero que vocês leiam tudo isso com uma sensação de que sou alguém infeliz e insatisfeita com a vida. Não, eu tenho saúde. Isso é o principal. Saúde física e saúde mental. Mas sonhos….ah, isso não é todo mundo que tem.

Quantas pessoas não podem se dar ao luxo de sonhar. Quantos meninos e meninas gostariam de estar no mar pegando onda como o Ítalo Ferreira ou o Gabriel Medina, mas precisam trabalhar para ter comida na mesa? Quantos meninos e meninas gostariam de estar nas ruas andando de skate o dia todo, sonhando com as Olimpíadas, mas precisam se dividir entre um emprego CLT medíocre e as pistas porque não existe a opção de se dedicar integralmente ao sonho?

O caminho é sem atalhos para essas pessoas. É mais difícil. É impossível algumas vezes. Não vai vingar, não vai dar certo. Ítalo é a exceção, não a regra. Ele e todos os atletas que estão nas Olimpíadas neste momento. Quantos outros ficaram para trás? Falta de competência? Não, o buraco é mais embaixo. Sempre é.

Quem dera se força de vontade bastasse. Não basta. Tem que ter patrocínio, tempo, sacrifício, sorte, oportunidade. Tudo isso precisa aparecer para o sonho ir adiante. Senão a gente fica assim, escrevendo post e perguntando para os outros se eles sonham. Se for parar para pensar, eu tenho sim um sonho: vacina. E que a pandemia vá embora. Um sonho grande, ninguém pode dizer que não é. E o seu sonho, qual é?