Como ajudar quem não quer ser ajudado

5 de julho de 2021 0 Por curacionemocional

E aí você tem um amigo ou um familiar que está com um problema de saúde ou tem uma doença crônica que precisa ser acompanhada por um médico. Mas essa pessoa negligencia a saúde dela e não vai ao médico, nem faz o acompanhamento como deveria.

Deixa de tomar os remédios, não faz exames de rotina e se automedica como se entendesse um pouco de cada doença. Como se fosse invencível também. “Nada poderá me derrubar” ou “Nada irá me deter” ou “Não se preocupem comigo”.

Como não preocupar? É alguém que a gente ama e quer bem. Ainda por cima, é alguém que descobriu um aneurisma há um ano, fez uma cirurgia de emergência, ficou 12 dias no CTI e quase não morreu. Como não preocupar? – repito a pergunta.

Quando eu ouço que as experiências de quase morte são transformadoras, tenho minhas dúvidas. Nesse caso que eu estou contando, não houve transformação. Aliás, parece que o “carpe diem” está sendo confundido com negligência e falta de responsabilidade. É como se a pessoa pensasse: eu quase morri e agora quero viver intensamente. Vai ser do meu jeito.

Para mim, é um pensamento tão egoísta. Você assume que não vai se tratar, não vai se cuidar e segue a vida como se as consequências não chegassem. Mas chegam. E quando elas vêm, quem sofre é a família. Quem fica no hospital de acompanhante é a família. Quem se arrisca no ambiente hospitalar na pandemia, é a família. Quem fica à espera do boletim todo dia é a família. Quem não dorme à noite com medo do telefone tocar é a família. A pessoa nessa hora está internada, sem saber o que está acontecendo. E a família está lá, quase doida.

É justo? Não. Mas há o que fazer quando o outro não quer ser ajudado? Não há. Você pode apenas assumir para si mesmo que a sua ajuda é uma maneira de estar no controle e que o outro não quer ser controlado. E que você não controla tudo – não tenha essa pretensão. É frustração na certa. Não vá por esse caminho.

Deixe a vida correr solta, é melhor para a sua saúde. Tem coisas que não dependem de você. Deixe a vida acontecer. Não estou recomendando que você ligue o fod**-se, vire as costas e vá embora. Não é isso. É simplesmente aceitar que você não vai controlar tudo. E que é impossível ajudar quem não quer ser ajudado. É dar murro em ponta de faca. É gastar energia atoa – e olha que vai faltar energia para outras coisas. Então economize, se poupe.

Poupe energia, já estamos em um momento difícil o bastante. A pandemia ainda continua no Brasil, por mais que a campanha de vacinação esteja avançando. A vida ainda não voltou ao normal, como nos Estados Unidos e na Europa. A energia ainda não está lá no pico, a saúde mental ainda não está das melhores. Então não gaste energia. Não está sobrando.

Apenas respeite a decisão do outro e pare de controlar.