Indicação de filme: Livre, disponível na Star+
Esse não é um lançamento, é um filme de 2014 que só descobri agora no Star+. Já assistiram? A protagonista é a Reese Witherspoon, indicada ao Oscar 2015 como Melhor Atriz.
A história é inspirada no livro Livre – A jornada de uma mulher em busca de um recomeço, da autora Cheryl Strayed, publicado no Brasil em 2013. A autora perdeu a mãe aos 22 anos e recorreu às drogas e ao sexo para lidar com a dor, o que fez o seu casamento desmoronar. Quatro anos depois, já divorciada, ela decidiu caminhar sozinha por uma trilha de 1.770 milhas pela costa do Oceano Pacífico. Estamos falando da Pacific Crest Trail (PCT), uma das trilhas mais longas da América.
Acompanhar essa jornada é angustiante, mas também motiva. Ver a personagem superando barreiras físicas e mentais é como ver alguém se curando das feridas da vida e seguindo em frente. Não pense que é um filme de aventura, tem muito drama envolvido, do início ao fim. A vida da Cheryl sempre foi permeada por conflitos, principalmente na esfera familiar. O pai dela era alcóolatra e agredia a mãe na frente dos filhos, o que tornou a infância dela e do meu irmão bem dolorosa. Os fatos do passado vão sendo relembrados pela personagem enquanto ela enfrenta inúmeros obstáculos na trilha, como neve, chuva, fome e sede.
É impressionante ver Cheryl, alguém com zero experiência em trilhas, chegando ao fim da trilha sã, salva e completamente desprendida de qualquer vaidade ou apego. Falando nisso, uma curiosidade: durante as gravações, o diretor do filme tirou todos os espelhos do set para que a atriz Reese Whiterspoon não pudesse se ver durante as filmagens. E sempre sem maquiagem, é claro.
Mas isso é só um detalhe diante de todos os conflitos emocionais da personagem. Caminhar pela trilha junto com ela é entrar na cabeça de uma mulher cheia de questionamentos e crises existenciais, além de um passado doloroso do qual ela custa se desprender. Em várias cenas fiquei pensando: Cheryl precisa de terapia urgentemente! hahahaha Um casamento fracassado, abuso de álcool e drogas, traição – tudo isso é retratado no filme de uma forma bem forte, o que me deixou sem ar em várias cenas.
É como se a trilha fosse uma maneira de fugir da realidade e da vida que ela construiu até ali – marcada por arrependimentos e fracassos. Por outro lado, a trilha foi um encontro com ela mesma, um intenso processo de autoconhecimento e cura, uma virada de página e um impulso para uma mudança de vida. É intenso, mas vai valer à pena assistir.
Para terminar, um disclaimer: o filme pode ser um gatilho para quem está enfrentando problemas psicológicos, como ansiedade e depressão, ou lidando com a dependência de álcool ou drogas. Se esse é o seu caso, procure um médico para te ajudar. A terapia – falei dela aí em cima – também pode ser uma aliada e, como sempre, recomendo o acompanhamento psicológico com um profissional da área. Depois da pandemia, a oferta de terapia online explodiu, então você encontra profissionais dos mais diversos perfis, abordagens e preços.
Entre as plataformas mais conhecidas, estão o Zenklub, que sempre recomendo aqui. Seja qual for a sua escolha, cuide de você.