Marília Mendonça e o luto coletivo

10 de novembro de 2021 0 Por curacionemocional

Na última sexta-feira, o Brasil chorou com a morte de Marília Mendonça, uma das maiores cantoras sertanejas do país. Tirando alguns comentários maldosos do tipo “quem é Marília?”, a reação foi de comoção geral, como se tivéssemos perdido alguém da família.

Eu sempre tenho essa sensação quando morre alguém que eu acompanho ou admiro, como era o caso dela. Parece que não aconteceu, parece que qualquer hora ela vai chegar e dizer “é mentira, gente. Tô aqui”. Quando eu leio alguma notícia sobre a morte, eu sinto algo estranho, parece que a ficha cai e eu penso: “caramba, a Marília Mendonça morreu”.

É claro que a morte está ao alcance de todos, mas ninguém acha que o pior vai acontecer com uma celebridade do tamanho da Marília Mendonça. A gente só pensa que a vida vai seguir o seu ciclo natural e que ela vai seguir cantando lindamente até seus 80 anos. A gente não pensa que a morte não livra ninguém, nem faz distinção entre ricos e pobres. Qualquer pessoa pode morrer amanhã. Eu, você, qualquer um, não importa o saldo da conta corrente. Vai acontecer com todo mundo, ainda assim levamos o maior susto quando acontece. Ficamos repetindo que “a vida é um sopro” como se fosse a maior descoberta de todas.

O que mais precisa acontecer pra gente virar a chave e começar de fato a viver como se fosse o último dia? A não adiar nada, a não deixar nada por dizer, a resolver as pendências, a valorizar os outros? Por que deixar tudo pra depois? Não sou imediatista, nem adepta do mantra carpe diem, mas tenho a consciência da finitude da vida todos os dias que eu acordo. Cada dia é um a menos pra mim.

Quando me levanto, me pergunto: se hoje fosse meu último dia, como eu gostaria que fosse? De imediato, me imagino numa praia deserta, tomando um sol, com minha família e meus amigos. Mas aí eu volto para a realidade e refaço a pergunta: se hoje fosse o meu último dia, como eu gostaria que fosse, dentro das minhas possibilidades? E aí eu começo a pensar em pequenas coisas que posso fazer para não ser atropelada pela rotina, nem pelo estresse no trabalho.

Um doce de sobremesa, uma caminhada ao ar livre, uma série na TV, uma música alta, um banho demorado, uma conversa no fim de tarde, uma visita surpresa, um novo lugar para trabalhar, um jantarzinho diferente, uma boa notícia inesperada, um dinheiro no bolso da calça, um passeio no parque, uma pausa para o lanche, tudo isso me abastece e torna o meu dia melhor.

Vocês também têm suas pequenas doses de alegria diária? Para encerrar, vou deixar uma música do cantor Emicida que traduz bem o que falamos aqui.

E também quero deixar um recado final: se você está enfrentando o luto de um amigo ou familiar, procure ajuda. Não passe por esse momento sozinho. Procure um psicólogo, há várias plataformas que oferecem o serviço de terapia online no Brasil, dos mais diversos preços e horários. Nesta resenha, a jornalista Marcela Machado compartilha a experiência dela com a terapia online do Zenklub. Leia e deixe outras dicas, se tiver.