Minha experiência com a síndrome do pânico

Minha experiência com a síndrome do pânico

8 de agosto de 2018 2 Por curacionemocional

Eu não sei bem como ela apareceu, mas foi em junho de 2015 que eu me dei conta de algumas mudanças.  Eu estava me sentindo mais ansiosa, com dificuldades para dormir e me concentrar. Dormia muito pouco por noite e quando conseguia pegar no sono acabava despertando de madrugada. Depois dificilmente conseguia dormir! Eu também estava super dispersa no trabalho, me distraindo por qualquer coisa – redes sociais, um mosquito na janela ou alguém conversando na mesa ao lado. Além disso, me sentia ansiosa além do normal, uma ansiedade que me paralisava, me fazia ter medo de tomar qualquer decisão. Eu pensava o tempo todo no futuro e tentava controlar o que iria acontecer. Na verdade, eu forçava que as coisas acontecessem e, claro, elas não aconteciam.

Bem, até o dia 25 de junho de 2015 eu pensava que a ansiedade, insônia e falta de concentração eram normais. Num mundo acelerado como esse, difícil mesmo é alguém não sentir o mesmo que eu sinto. Era isso que eu pensava até o dia em que comecei a passar mal dentro do banco Itaú do meu bairro. Eu fui rapidamente até o caixa eletrônico sacar dinheiro e de repente me vi com uma tremenda falta de ar. Eu simplesmente não conseguia respirar e pensei que fosse morrer.

Precisei pedir ajuda para um desconhecido que estava no caixa eletrônico ao lado. Segurei nos braços dele e implorei que chamasse a ambulância, porque eu estava sem ar e com o coração palpitando. Por uma sorte que não se explica, ele era psicólogo. Tudo o que ouvi foi: “calma, pode ser uma crise de pânico”. Não entendi nada, apenas segui as recomendações dele e tentei me acalmar. Fechei os olhos e continuei parada dentro do banco, sem me mover. Aos poucos o ar foi voltando e o coração se aquietando. Fiquei envergonhada, pois havia muita gente me olhando meio assustado. Não sei se as pessoas tinham a intenção de ajudar ou estavam só curiosas mesmo.

O fato é que o Jorge – psicólogo enviado por um anjo – me ajudou a sair dessa sem desespero. Por fim, eu teria ido de ambulância para o hospital, mas por orientação dele eu esperei um pouco e melhorei. Logo em seguida eu agendei uma consulta com um clínico geral para fazer alguns exames e descobrir o que havia acontecido. Fiz todos o mais rápido possível e concluí que não estava com nenhum problema de saúde. Jorge estava certo;era síndrome do pânico. O coração palpitante, a falta de ar e o medo da morte eram sintomas da doença, que é classificada como um distúrbio de ansiedade.

O diagnóstico me pegou de surpresa, evidentemente. Nunca havia tido nenhum contato com síndrome do pânico antes. Era a primeira vez que eu ouvia falar naquilo. Precisava entender melhor o que estava se passando antes de aceitar a prescrição de remédios para ansiedade. Procurei uma psicóloga indicada por uma amiga de confiança e contei a ela o que havia acontecido. Ela fez uma série de perguntas sobre o meu atual momento de vida, a minha rotina, as minhas emoções e sentimentos. À princípio me senti intimidada a compartilhar tantas informações, mas depois entendi que eu precisava colaborar. Daquela primeira consulta em diante, comecei a prestar mais atenção nessa doença chamada síndrome do pânico. Comecei a enfrentá-la também, porque outras crises vieram depois.

A possibilidade de uma nova crise, inclusive, me deixa mais apavorada do que a crise em si. Tenho medo de não conseguir ajuda, de passar vergonha, de estar num local fechado…tudo isso se passa pela minha cabeça, o tempo todo. Não consigo me desligar, mas estou tentando pelo menos tocar a minha rotina, apesar da síndrome do pânico.

A terapia tem me ajudado muito nesse processo de aceitação, entendimento e enfrentamento da doença. Estou conseguindo entender que, assim como eu, milhares de pessoas enfrentam o mesmo problema. Elas também estão tentando superar. E foi esse pensamento que me fez reunir mais alguns amigos e criar esse blog, para partilharmos as nossas experiências com mais pessoas que talvez não tenham com quem partilhar.

Eu tenho uma psicóloga com quem me abrir, mas e quem não tem? Sei que muitas pessoas preferem sofrer sozinhas e caladas, por vergonha, constrangimento ou falta de confiança nos outros. Se esse é o seu caso, quero te dizer: você não está mais sozinho. Você chegou ao blog e agora você tem a nós. Vamos conversar?

Amanda Soares